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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Campanha que associa cigarro a sexo oral gera polêmica na França
Daniela Fernandes

De Paris para a BBC Brasil



Publicitários alegam que campanhas tradicionais não afetam os jovens


Ampliar imagemUma campanha antifumo que mostra adolescentes ajoelhados com um cigarro na boca, em pose que sugere prática de sexo oral forçado com um adulto, está provocando polêmica na França.

Associações ligadas à família, aos direitos das crianças e feministas se dizem “escandalizadas” com a associação feita entre o cigarro e o sexo, na mensagem dirigida aos jovens.

A campanha, lançada pela Associação Direitos dos Não Fumantes (DNF), tem como slogan “Fumar é ser escravo do tabaco”. O objetivo da organização é “mostrar que o fumo é uma submissão”.

Nas fotos que sugerem sexo oral, o órgão sexual masculino é sugerido pelo cigarro. Os cartazes poderão ser vistos em lugares tradicionalmente frequentados por jovens, como bares e discotecas.

Os publicitários que realizaram a campanha de prevenção reconhecem que o objetivo é chocar a opinião pública.

“Com o cigarro, somos submetidos à pior das submissões, à pior das escravidões. Procuramos a imagem chocante mais emblemática disso. A felação é o símbolo perfeito da submissão”, diz Marco de la Fuente, vice-presidente da agência BDDP, que realizou a campanha antifumo.

'Escandaloso'

Para Christiane Terry, representante da Associação Famílias da França, misturar o vício do fumo e o sexo “é um atalho ridículo e escandaloso”. Ela se diz preocupada “com o baixo nível para defender uma causa justa”.

Organizações ligadas à defesa dos direitos das crianças e adolescentes questionam as consequências que essas imagens podem ter sobre vítimas reais de abusos sexuais.

“Que eu saiba, uma felação não provoca câncer”, disse em entrevista ao jornal Le Parisien Antoinette Fouque, fundadora do Movimento para a Liberação das Mulheres.

“É escandaloso associar o vício do fumo à sexualidade, fazer um paralelo entre uma droga nociva e o desejo sexual. A conotação de violência sexual é inadmissível. É uma campanha sexista”, afirma Florence Montreynaud, presidente da associação feminista Chiennes de Garde.


Associação Famílias da França acredita que campanha é 'escandalosa'
O presidente da Associação Direitos dos Não Fumantes, Gérard Audureau, reitera que campanhas tradicionais não têm mais surtido efeito e que o consumo de cigarros continua aumentando entre os jovens na França.

“Dizer que o cigarro faz mal à saúde não funciona mais. Utilizar o sexo é uma maneira de atrair a atenção dos jovens. E se for preciso chocar, choquemos”, afirma Audureau.

Aumento

Segundo o Escritório Francês de Prevenção contra o Tabagismo, o índice de adolescentes fumantes na França aumentou, entre 2008 e 2009, de 5% para 8% na faixa etária de 14 anos e de 20% para 22% no caso de jovens de 17 anos.

Mas até mesmo autoridades na luta contra o tabagismo questionam a campanha da Direitos dos Não Fumantes.

“Ela vai chocar os adultos e não vai causar medo aos jovens”, diz Bertrand Dautzenberg, presidente do Escritório Francês de Prevenção contra o Tabagismo.

A Associação Famílias da França informou que irá prestar queixa junto a Autoridade de Regulação Profissional da Publicidade. Mas a entidade não tem poder para proibir a campanha, ela pode apenas sugerir a sua retirada.

As associações teriam de levar o caso a Justiça, mas nenhuma, até o momento, informou estar disposta a fazê-lo.

O Ministério da Saúde da França já havia lançado, em 2008, uma campanha de prevenção contra o álcool que mostrava jovens em uma festa na praia, vomitando, se afogando e sugeria violências sexuais decorrentes do excesso de bebida.
Lula questiona soberania britânica nas Malvinas
Fabrícia Peixoto

Enviada especial da BBC Brasil a Cancún



Lula fez as declarações no encontro de líderes latino-americanos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que o Conselho de Segurança das Nações Unidas "deve reabrir" a discussão em torno da jurisdição sobre as Ilhas Malvinas, em disputa entre Argentina e Grã-Bretanha.

Em discurso durante a Cúpula da América Latina e Caribe, em Cancún, Lula questionou tanto a postura da Grã-Bretanha como a da ONU no episódio.

"Qual é a explicação geográfica, política e econômica de a Inglaterra estar nas Malvinas? Qual a explicação política de as Nações Unidas já não terem tomado uma decisão dizendo: não é possível que a Argentina não seja dona das Malvinas e seja um país (Grã-Bretanha) a 14 mil quilômetros de distância?", questionou o presidente.

Lula sugeriu que a resposta para esse questionamento pode estar no fato de a Grã-Bretanha ser um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU."Será que é o fato de a Inglaterra participar como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e para eles pode tudo e para os outros, não pode nada?", disse.

Coragem

O presidente pediu aos 32 chefes de Estado e representantes de governo que participam da cúpula que "instiguem" a ONU a "reabrir a discussão" sobre a disputa territorial entre Argentina e Grã-Bretanha.

Lula aproveitou o debate em torno das Malvinas para sugerir a reforma do Conselho de Segurança da ONU, uma de suas principais reivindicações no cenário internacional.

"Não é possível que a ONU continue com o Conselho de Segurança representado pelos interesses geopolíticos da Segunda Guerra (Mundial) e não leve em conta todas as mudanças que ocorreram no mundo", disse.

Ainda de acordo com o presidente, se os países da região "não tiverem coragem" de enfrentar esse debate, a ONU “vai continuar a funcionar sem representatividade e os conflitos no Oriente Médio vão ficar por conta dos interesses eminentemente norte-americanos”.

"Na verdade era a ONU que deveria assumir a responsabilidade de estar negociando a paz no Oriente Médio, as discussões com o Irã. Por que a ONU se afasta e os países individualmente tratam desses assuntos?”, questionou.

Segundo Lula, a ONU "perdeu representatividade" e muitos dos países que ficam no Conselho de Segurança "preferem a ONU frágil".

"Assim eles podem desobedecer às decisões da ONU e fazer de seu comportamento, enquanto nação, a grande personalidade de governança mundial", acrescentou Lula.

Histórico

As Malvinas, chamadas pelos britânicos de Falklands, são um arquipélago de dezenas de ilhas ao sul do Oceano Atlântico.

O território pertence à Grã-Bretanha, mas ele fica geograficamente próximo do litoral da Argentina, que reivindica a soberania sobre a região desde o século 19.

A Argentina invadiu o arquipélago em abril de 1982, iniciando uma guerra com a Grã-Bretanha. A vitória britânica, em junho do mesmo ano, não impediu Buenos Aires de continuar aspirando ao controle sobre as ilhas.

Os argentinos acreditam que herdaram o território dos colonizadores espanhóis, que disputaram a soberania sobre o arquipélago no século 18 com os britânicos.

Grã-Bretanha e Espanha chegaram a estabelecer colônias simultâneas nas ilhas, mas os britânicos abandonaram o assentamento, abrindo caminho para a presença de colonos argentinos – que, depois, foram expulsos pelos britânicos.

O principal argumento britânico para manter a soberania sobre as Malvinas é que, hoje, a população local é britânica e prefere manter os laços coloniais.
ONU pede ação urgente para frear aumento do lixo eletrônico

A sucata deve ter aumentar muito até 2020, diz o Pnuma
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu, nesta segunda-feira, medidas urgentes para evitar problemas de saúde e ambientais provocados por sucata eletrônica.

Em um relatório, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) analisou dez países em desenvolvimento e destaca a urgência da adoção de medidas preventivas principalmente no Brasil, na Índia, na China e no México.

O documento alerta para o aumento de vendas de computadores, celulares, televisores e outros eletrodomésticos o que deve levar a um crescimento acelerado do lixo eletrônico nesses dez países.

O relatório Recycling - from E-Waste to Resources (“Reciclando – de Lixo Eletrônico a Recursos”, em tradução livre) projetou a quantidade de lixo nestes países a partir de dados atuais.

Na China e na África do Sul, por exemplo, a previsão é de que até 2020 a sucata de computadores obsoletos cresça 200% e 400% em comparação aos níveis de 2007. Na Índia, o aumento deverá ser de 500%, de acordo com o estudo.

Montanha de celulares

Só o lixo produzido por aparelhos de celulares jogados fora pelos indianos seria 18 vezes maior em 2020 do que em 2007. Na China, o aumento seria de sete vezes.

Atualmente, os chineses produzem 2,3 milhões de toneladas de lixo eletrônico, perdendo apenas para os Estados Unidos, que produzem 3 milhões de toneladas. Além disso, a China importa sucata de países desenvolvidos para incineração e reciclagem.

De acordo com o Pnuma, a maior parte desse material é tratada incorretamente, criando "poluição tóxica de longo alcance".

Embora o Brasil tenha sido destacado pelo estudo do Pnuma, o relatório afirma que não há dados disponíveis sobre a venda de eletroeletrônicos. A quantidade foi estimada com base nos dados do Índice de Desenvolvimento Mundial.

A partir dessas informações, o estudo põe o Brasil ao lado de México e China como os maiores produtores de sucata eletroeletrônica dos 11 países examinados, com 0,4 toneladas per capita.

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